Lento e indolor

É assim que o mar molda uma rocha.
Não há melhor método de moldar do que com água.
Transformações só são consideradas benéficas quando são constantes.
Mudanças finitas são formas de mutilações. Transformam, mas fazem doer.
Deus nos molda como o mar molda uma rocha.
Lentamente, refrescantemente, continuamente, poeticamente.
Existem os rios de águas vivas que fluem do trono de Deus.
Servem para dar vida, servem para despertar-nos para a vida.
As águas desse rio nunca descansam, nunca cessam, nunca secam.
Brotam da terra, correm pro mar e nos batem, nos batem, nos batem...
Dura uma vida inteira essa transformação.
A transformação de um indivíduo enquanto ser humano só acaba quando ele encontra a morte.
A morte é conclusão. É a última pincelada da pintura da vida.
Deus nos chama para Ele quando a transformação feita pela água da vida em nossos corações de pedra está feita.
Quando não há mais nada para ser moldado em nós, estamos prontos para gozar da perfeição.
Sobre a dor funciona assim:
Nada do que é Divino pode causar dor. Obviamente aquilo que nos causa dor e nos ensina foi permitido por Deus... mas...
Uma tempestade faz com que as mudanças na rocha aconteçam com mais rapidez. Porém, tempestades não são próprias do mar.
Elas acontecem através do mar, mas não são naturais dele.
A sabedoria de uma rocha está em ficar imóvel.
Sua virtude se encontra na ação de ficar imóvel, deixando-se moldar.
Quando adquirirmos a sabedoria das rochas, conseguiremos aceitar as mudanças com menos sacrifício.
Exercitando a paciência das rochas conquistaremos sua força e nobreza.



Que neste ano que se aproxima, tenhamos a sabedoria de ficarmos mais calados e parados para sermos fortes e inabaláveis como uma rocha e sempre caminhando rumo a perfeição.